BOLSA CRACK – O Cartão Recomeço, que nem bem foi lançado pelo governo do estado de São Paulo e já recebeu o apelido de Bolsa Crack, ainda não foi colocado em prático, mas recebe severas críticas da população e de especialistas sobre o assunto. O programa consiste em pagar R$ 1.350,00 por mês para arcar com o tratamento de dependentes químicos em crack em clínicas particulares especializadas.
De acordo com o secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Rodrigo Garcia, o dinheiro será repassado para que pessoas que já passaram por internação em instituições públicas continuem o tratamento em clinicas terapêuticas pelo período médio de seis meses.Em princípios, 11 municípios vão receber o programa piloto e as clínicas aptas a receber os pacientes serão credenciadas.
As entidades assistenciais sem fins lucrativos interessadas em participar do programa já podem fazer a sua inscrição. Enquanto isso, as prefeiturasdas cidades escolhidas ficarão responsáveis por identificar as famílias que receberão a Bolsa Crack, sendo que os Caps– Centros de Atendimento Psicossocial das prefeituras já têm conhecimento de quem precisa do benefício.
O pagamento do programa Bolsa Crack será feito por meio de cartão bancário. Entre as cidades que vão receber o benefício está Bauru, Osasco, Diadema, Campinas, Mogi das Cruzes, Santos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Sorocaba, Ribeirão Preto e Presidente Prudente.
A proposta do Cartão Recomeço é ampliar a rede de tratamento para dependentes e, principalmente, a oferta de vagas para internar usuários, uma vez que o governo sofre críticas por causa da falta de vagas.O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade de Medicina da Unifesp, que participou da criação do programa afirma que o objetivo é o de descentralizar o financiamento do tratamento.
Assim, até mesmo as famílias de classe média que estouram o orçamento ao tratar um integrante que seja dependente podem receber o benefício.O programa Bolsa Crack se assemelha ao que já é desenvolvido em Minas Gerais, onde é chamado de Aliança Pela Vida e que conta com uma ajuda de R$ 900.
No entanto, profissionais da saúde, afirmam que o programa não é garantia de solução do problema. Segundo o médico e escritor David Norton, em artigo publicado no Diário do Centro do Mundo, “não basta o governo de SP disponibilizar R$ 1.350,00 mensais para os viciados se tratarem: é preciso também ajudá-los a se reinserir na sociedade, senão o risco de recaída é alto".